quinta-feira, 23 de junho de 2011

Reforma Protestante


Antecedentes

Em toda Idade Média, o grau de intervenção da Igreja era de grande abrangência. O grande número de terras em posse da Igreja concedia uma forte influência sobre as questões políticas e econômicas das monarquias e reinos da época. Além disso, as novas atividades vinculadas à burguesia, principalmente no que se refere à prática da usura (cobrança de juros sobre empréstimo), eram consideradas de natureza pecaminosa.

Sob outro aspecto, a grande prosperidade material da Igreja veio acompanhada de uma verdadeira crise de valores e princípios. O comércio de relíquias sagradas, a venda de títulos eclesiásticos e indulgências eram algumas das negociatas praticadas pelos representantes do clero. Além disso, várias denúncias sobre a quebra do celibato e a existência de prostíbulos para clérigos questionavam a hegemonia da Igreja.

No Renascimento, as críticas à Igreja se manifestavam em diversos meios. As obras de Erasmo de Roterdã, Thomas Morus, John Wyclif e João Huss continham severas críticas aos problemas anteriormente apontados. Dessa forma, a transformações que se seguiam na Idade Moderna trouxeram à tona a criação de instituições religiosas com uma diferente base doutrinária cristã. Entre essas novas instituições podemos destacar o Luteranismo, o Calvinismo e o Anglicanismo como exemplos das novas religiões protestantes surgidas no século XVI.

Martim Lutero
Quem foi Martinho Lutero?

Martinho Lutero era um monge Alemão, que lecionava Teologia e profundo conhecedor das escrituras, ou seja, da Bíblia. Vivia sob os dogmas da igreja católica por volta do séc. VI que cometia muitas irregularidades, tinha muitos problemas, abusando da boa fé dos homens daquele tempo. 

Uma das irregularidades amplamente difundida era a venda de indulgências. Prática usual entre os religiosos que vendiam benefícios ao crentes, tais como um lugar no céu. Um grande e lucrativo comercio. Lutero idealizou 95 teses onde condenava os abusos cometidos pela igreja e afixou na porta da catedral de wittenberg cidade onde vivia na Alemanha.

Lutero declarava que salvação dependia da sua fé e não das suas ações, das suas obras. O papa da época, a principio não imaginou nem Lutero o alcance que teria aquelas idéias revolucionárias que passaram a tomar corpo colocando por terra pensamentos difundidos pelos papas que tornavam os padres intermediários da salvação. 

Quando o Papa percebeu o estrago que Martinho estava fazendo nos entereces da igreja exigiu que Lutero se retratasse, voltando atrás no que estava afirmando. Como Martinho se recusou, foi excomungado, pelo Papa. 

Martinho se refugiou no castelo de Wartburg onde prossegue com seu intento traduzindo a bíblia para a língua Alemã, escrevendo vários panfletos divulgando suas idéias para toda Alemanha. Martinho recebe amplo apoio dos Príncipes alemães desejosos de se verem livres do domínio do Papa e do Imperador católico. Havia um grande enterece econômico por parte destes Príncipes que se encontravam dominados pela poderosa igreja.

A Alemanha era dividida em Principados. O apoio destes Príncipes foi fundamental para a vitória da reforma, e do luteranismo. As terras da igreja passaram a pertencer ao Estado. A pequena nobreza aproveitou o momento para tentar unificar a Alemanha. Os camponeses também aproveitaram a ocasião para se revoltarem. Nenhum destes movimentos obteve o apoio de Lutero devido a ser protegido dos príncipes sendo sustentado por eles. Ao contrario,condenou os revoltosos. Por ter se rebelado e não aceitar a imposição da religião católica estes príncipes foram os primeiros a serem chamados de protestantes

João Calvino

João Calvino (1509-1564) nasceu em Noyon, na Franca, país em que estudou Teologia e Direito. Influenciado pelo pregador Guilherme Farel, aderiu ás idéias protestantes. Quando, em 1534, as autoridades católicas francesas caçavam os suspeitos de heresias, Calvino fugiu para a Suíça, onde o movimento reformador já se desenvolvia, sob a liderança de Zwinglio (1484-1531).

Em suas pregações, Zwingho dava muita importância à crença na predestinação dos homens para a salvação, valorizando menos o aspecto da justificação pela fé. Homem prático e racionalista, Zwinglio conquistou o apoio da burguesia comercial da Suíça. Seu trabalho religioso preparou o caminho para que lá se desenvolvessem as idéias de João Calvino.


Em 1536, Calvino publicou sua principal obra, a Instrução da religião cristã crista, na qual afirmava que o ser humano estava predestinado, de modo absoluto a merecer o céu ou o inferno. Explicava que, por culpa de Adão, todos os homens já nasciam pecadores (pecado original), mas Deus tinha eleito algumas pessoas para serem salvas, enquanto outras seriam condenadas à maldição eterna.


Portanto nada que os homens pudessem fazer em vida poderia mudar-lhes o destino, previamente traçado. Mas a fé, existente em algumas pessoas, podia ser interpretada como um sinal de que elas pertenciam ao grupo dos eleitos por Deus à salvação. Tais pessoas, os eleitos, sentiriam dentro do coração um irresistível desejo de combater o mal do mundo, simplesmente para a glória de Deus. A prosperidade econômica de algumas pessoas, sua riqueza material, era interpretada pelos seguidores de Calvino como um sinal da salvação predestinada.


Em 1538, Calvino foi expulso da Suíça, devido a seus excessos de rigor e de autoritarismo. Entretanto conseguiu retornar em 1541 e consolidou seu poder na cidade de Genebra, tornando-se senhor absoluto do governo e da nova Igreja calvinista até o ano de 1561. Durante esse período, Genebra ficou submetida a um governo teocrático, que dirigia a sociedade misturando política e religião.


Entre os órgãos criados pelo governo calvinista destacava-se o Consistório, encarregado de vigiar e punir os cidadãos. O calvinismo condenava práticas corno o jogo, o culto a imagens de santos, a dança, o adultério. As penas impostas aos infratores eram geralmente duras e cruéis. Muitos foram condenados à morte, entre eles, o médico espanhol Miguel de Servet, queimado vivo por negar o pecado original.


Com base no calvinismo, criou-se um modelo de homem burguês que cultivava o trabalho, a religião, a poupança e o lucro máximo. Para esse homem calvinista, o sucesso econômico e a conquista de riquezas eram um sinal da predestinação divina. Essa ideologia foi bem recebido pela burguesia comercial por uma razão simples: a ganância do lucro era justificada pela ética religiosa calvinista.


Identificando-se com os valores da burguesia, o calvinismo espalhou-se por diversas regiões da Europa, como França, Inglaterra, Escócia e Holanda – países onde se expandia o capitalismo nascente
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Rei Henrique
Henrique VIII (1509-1547), rei da Inglaterra, tinha sido um fiel aliado do papa, recebendo o título de defensor da Fé. Entretanto, urna série de questões políticas e econômicas o levaram a romper com a Igreja católica e a fundar urna Igreja nacional na Inglaterra, isto é, a Igreja anglicana.

Entre os principais fatores que provocaram a Reforma anglicana, destacam-se os seguintes:

- Fortalecimento da monarquia: a Igreja católica exercia grande influencia política na Inglaterra. Era dona de grande parte das terras e monopolizava o comércio de relíquias sagradas. Para fortalecer o poder da monarquia inglesa, Henrique VIII teria que reduzir a influência do papa dentro da Inglaterra.

- Posse das terras da Igreja: a nobreza capitalista inglesa queria apossar-se das terras e dos bens da Igreja. Para isso era preciso apoiar o rei, a fim de enfraquecer os poderes da Igreja católica.

- Recusa ao pedido de divórcio do rei Henrique VIII: casado com a princesa espanhola Catarina de Aragão, Henrique VIII teve com ela uma filha para sucedê-lo no trono. Entretanto o rei estava bastante descontente com seu casamento. Primeiro, devido à origem espanhola de sua esposa, já que a Espanha era inimiga da Inglaterra. Segundo, porque desejava um herdeiro masculino e pretendia casar-se com Ana Bolena. Assim, em 1529 pediu ao papa que anulasse seu matrimônio com Catarina de Aragão, mas seu pedido foi recusado. Apesar disso, Henrique VIII conseguiu que o alto clero inglês e o parlamento reconhecessem a validade de suas intenções. Em 1534, o parlamento inglês votou o Ato de Supremacia, pelo qual considerava Henrique VIII o chefe supremo da Igreja da Inglaterra. Criava-se a nova Igreja anglicana, mas nada foi modificado em termos de doutrina e culto em relação a católica.

Os ingleses, por juramento, deviam submeter-se ao rei da Inglaterra e não ao papa, caso contrário seriam excomungados e perseguidos pela justiça real. Houve pouca resistência, nela incluída a de Tomás Morus, (autor do livro Utopia), que foi decapitado.

Após a fundação da Igreja anglicana, surgiram, com os sucessores de Henrique VIII, urna série de lutas religiosas internas. Primeiro, no governo de Eduardo VI (1547-1553), tentou-se implantar o calvinismo no país. Depois, no governo de Maria Tudor (1553-1558), filha de Catarina de Aragão, houve a reação católica. Somente no reinado de Elizabete I (1558-1603) aconteceu a consolidação da Igreja anglicana, com a mistura de elementos do catolicismo e da doutrina protestante.

O calvinismo conseguiu, entretanto, grande número de adeptos entre a burguesia manufatureira. Foi entre os calvinistas que surgiram os grandes líderes da Revolução Inglesa do século XVII, revolução que rompeu de vez com que restava do sistema feudal na Inglaterra, promoveu o avanço do capitalismo.

Contra-Reforma

A Contra-Reforma, de modo geral, consistiu em um conjunto de medidas tomadas pela Igreja Católica com o surgimento das religiões protestantes. Longe de promover mudanças estruturais nas doutrinas e práticas do catolicismo, a Contra-Reforma estabeleceu um conjunto de medidas que atuou em duas vias: atuando contra outras denominações religiosas e promovendo meios de expansão da fé católica.

Uma das principais medidas tomadas foi a criação da Companhia de Jesus. Designados como um braço da Igreja, os jesuítas deveriam expandir o catolicismo ao redor do mundo. Contando com uma estrutura hierárquica rígida, os jesuítas foram os principais responsáveis pelo processo de catequização das populações dos continentes americano e asiático. Utilizando um sistema de rotinas e celebrações religiosas regulares, a Companhia de Jesus conseguiu converter um grande número de pessoas nos territórios coloniais europeus.

A Inquisição, instaurada pelo Tribunal do Santo Oficio, outra instituição eclesiástica criada na Contra-Reforma, teve como principal função combater o desvio dos fiéis católicos e a expansão de outras denominações religiosas. Além de perseguir protestantes, a Santa Inquisição também combateu judeus e islâmicos, que eram considerados pecadores e infiéis. Entre outras formas, a Inquisição atuava com a abertura de processos de investigação que acatavam denúncias contra hereges e praticantes de bruxaria. Caso fossem comprovadas as denúncias, o acusado era punido com sanções que iam desde o voto de silêncio até a morte na fogueira.

Em 1542, o Concílio de Trento, uma reunião dos principais líderes da Igreja organizada pelo papa Paulo III, selou o conjunto de medidas tomadas pela Contra-Reforma. No Concílio de Trento estabeleceu-se o princípio de infabilidade papal e a declaração do Índex, conjunto de livros proibidos pela Igreja. Além disso, a Vulgata foi estabelecida como versão oficial da Bíblia Sagrada, foi proibida a venda de indulgências e todas as doutrinas católicas foram reafirmadas. 

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Fonte: 
http://www.grupoescolar.com/materia/a_reforma_anglicana.html

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