IDADE MÉDIA

INQUISIÇÃO

Parte 1
 

Parte 2

Parte 3

Parte 4


Parte 5




CRUZADAS






GUERRA DOS CEM ANOS



Do ponto de vista histórico, podemos ver que a Guerra dos Cem Anos foi um evento que marcou o processo de formação das monarquias nacionais inglesa e francesa. Não por acaso, vemos que esse conflito girou em torno dos territórios e impostos que eram tão necessários ao fortalecimento de qualquer monarquia daquela época. Sendo assim, vemos que tal evento manifesta significativamente a centralização política que se desenvolveu nos fins da Idade Média.

Iniciada em 1337, a Guerra dos Cem Anos foi deflagrada quando o trono francês esteve carente de um herdeiro direto. Aproveitando da situação, o rei britânico Eduardo III, neto do monarca francês Felipe, O Belo (1285 – 1314), reivindicou o direito de unificar as coroas inglesa e francesa. Dessa forma, a Inglaterra incrementaria seus domínios e colocaria um conjunto de prósperas cidades comerciais sob o seu domínio político, principalmente da região de Flandres.



Nessa época, os comerciantes de Flandres apoiaram a ação britânica por terem laços comerciais francamente estabelecidos com a Inglaterra. Por conta desse apoio, os ingleses venceram as primeiras batalhas e conseguiram o controle de alguns territórios do Norte da França. Até aquele instante, observando a superioridade numérica e bélica dos ingleses, era possível apostar na queda da monarquia francesa. Contudo, a decorrência da Peste Negra impôs uma pausa aos dois lados da guerra.

As batalhas só foram retomadas em 1356, quando a Inglaterra conquistou novas regiões e contou com apoio de alguns nobres franceses. No ano de 1360, a França se viu obrigada a assinar o Tratado de Brétigny. Pelo documento, a Inglaterra oficializava o seu domínio sobre parte da França e recuperava alguns territórios inicialmente tomados pelos franceses.

A ruína causada pela guerra provocou grandes problemas aos camponeses franceses. A falta de recursos, os pesados tributos e as fracas colheitas motivaram as chamadas jacqueries. Nesse instante, apesar dos episódios de violência contra a nobreza, os exércitos da França reorganizaram suas forças militares. Realizando a utilização de exércitos mercenários, o rei Carlos V conseguiu reaver uma parcela dos territórios perdidos para a Inglaterra.

Nas últimas décadas do século XIV, os conflitos tiveram uma pausa em virtude de uma série de revoltas internas que tomaram conta da Inglaterra. Apesar da falta de guerra, uma paz definitiva não havia sido protocolada entre os ingleses e franceses. No ano de 1415, o rei britânico Henrique V retomou a guerra promovendo a recuperação da porção norte da França. Mais do que isso, através do Tratado de Troyes, ele garantiu para si o direito de suceder a linhagem da monarquia francesa.

Em 1422, a morte de Carlos VI da França e de Henrique V da Inglaterra fizeram com que o trono francês ficasse sob a regência da irmã de Carlos VI, então casada com o rei Henrique V da Inglaterra. Nesse meio tempo, os camponeses da França se mostraram extremamente insatisfeitos com a dominação estrangeira promovida pela Inglaterra. Foi nesse contexto de mobilização popular que a emblemática figura de Joana D’Arc apareceu.

Alegando ter sido designada por Deus para dar fim ao controle inglês, a camponesa Joana D'Arc mobilizou as tropas e populações locais. Aproveitando do momento, o rei Carlos VII mobilizou tropas e passou a engrossar e liderar os exércitos que mais uma vez se digladiaram contra a Inglaterra. Nesse instante, temendo o fortalecimento de uma liderança popular, os nobres franceses arquitetam a entrega de Joana D'Arc para os britânicos.


No ano de 1430, Joana D'Arc foi morta na fogueira sob a acusação de bruxaria. Mesmo com a entrega da heroína, os franceses conseguiram varrer a presença britânica na porção norte do país. Em 1453, um tratado de paz que encerrava a Guerra dos Cem Anos foi assinado.
Por um lado, a guerra foi importante para se firmar o ideal de nação entre os franceses. Por outro, abriu caminho para que novas disputas alterassem situação da monarquia inglesa.


PESTE NEGRA


Introdução

Meados do século XIV foi uma época marcada por muita dor, sofrimento e mortes na Europa. A Peste Bubônica, que foi apelidada pelo povo de Peste Negra, matou cerca de um terço da população européia. A doença mortal não escolhia vítimas. Reis, príncipes, senhores feudais, artesãos, servos, padres entre outros foram pegos pela peste.


A peste espalha a morte pela Europa

Nos porões dos navios de comércio, que vinham do Oriente, entre os anos de 1346 e 1352, chegavam milhares de ratos. Estes roedores encontraram nas cidades européias um ambiente favorável, pois estas possuíam condições precárias de higiene. O esgoto corria a céu aberto e o lixo acumulava-se nas ruas. Rapidamente a população de ratos aumentou significativamente.

Estes ratos estavam contaminados com a bactéria Pasteurella Pestis. E as pulgas destes roedores transmitiam a bactéria aos homens através da picada. Os ratos também morriam da doença e, quando isto acontecia, as pulgas passavam rapidamente para os humanos para obterem seu alimento, o sangue.

Após adquirir a doença, a pessoa começava a apresentar vários sintomas: primeiro apareciam nas axilas, virilhas e pescoço vários bubos (bolhas) de pus e sangue. Em seguida, vinham os vômitos e febre alta. Era questão de dias para os doentes morrerem, pois não havia cura para a doença e a medicina era pouco desenvolvida. Vale lembrar que, para piorar a situação, a Igreja Católica opunha-se ao desenvolvimento científico e farmacológico. Os poucos que tentavam desenvolver remédios eram perseguidos e condenados à morte, acusados de bruxaria. A doença foi identificada e estudada séculos depois desta epidemia.

Relatos da época mostram que a doença foi tão grave e fez tantas vítimas que faltavam caixões e espaços nos cemitérios para enterrar os mortos. Os mais pobres eram enterrados em valas comuns, apenas enrolados em panos.

O preconceito com a doença era tão grande que os doentes eram, muitas vezes, abandonados, pela própria família, nas florestas ou em locais afastados. A doença foi sendo controlada no final do século XIV, com a adoção de medidas higiênicas nas cidades medievais. 


VÍDEOS: PESTE NEGRA
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PARTE 6




REVOLTAS CAMPONESAS


 
Durante alguns séculos da Baixa Idade Média (X – XV), a estabilidade econômica e social proveniente das Cruzadas e o desenvolvimento comercial propiciaram um tempo de relativa prosperidade. No entanto, a disseminação da Peste Negra na Europa Medieval provocou um violentíssimo processo de retração econômica onde a mão-de-obra disponível se tornava bem menor e, consequentemente, dificultava o equilíbrio entre a produção agrícola e a demanda alimentar.

A falta de alimentos incitou muitos senhores feudais a promover o aumento dos impostos e obrigações a serem cobrados sobre a classe servil. Através dessa medida, os donos das terras buscavam garantir a manutenção de seu padrão de vida e, ao mesmo tempo, impedir que os camponeses saíssem de seus domínios com maior facilidade. No meio urbano, essas dificuldades também atingiram os trabalhadores livres que tiveram seus salários sensivelmente reduzidos com a diminuição do mercado consumidor.

Ao mesmo tempo em que estes fatores conjunturais contribuíram para que as relações entre servos e senhores feudais entrassem em crise, devemos destacar também que as transformações climáticas ocorridas nessa época têm grande importância para a deflagração de várias revoltas camponesas. Certamente, a proeminência desses levantes encobre todo um passado monopolizado pelos escritos da classe clerical, que costumava salientar a relação harmoniosa entre o senhor e os seus servos.



Já na década de 1320, revoltas urbanas de jornaleiros belgas marcavam a crise que se formava na Europa. Algumas décadas depois, a França se transformou no palco das primeiras revoltas camponesas que ficaram conhecidas como “jacqueries” ou “Revolta dos Jacques”. O uso desse termo tinha origem na expressão “Jacques bon homme”, termo dirigido aos camponeses que significava “Jacques, o simples”.

A eclosão dessas revoltas na França deve ser vista sob o contexto do conturbado período da Guerra dos Cem Anos. Nessa época, as derrotas nos confrontos contra os ingleses, a prisão do rei João II e a elevação dos impostos sobre os camponeses foram razões específicas que explicavam o pioneirismo francês na organização dessas revoltas populares. Em vários documentos salienta-se que os envolvidos na revolta questionavam seriamente a subordinação às autoridades da época.

De fato, as revoltas teriam grande importância para que o processo de formação de algumas monarquias nacionais européias acontecesse. O risco oferecido à classe detentora de terras (nobreza) favoreceu a criação de grandes exércitos comandados sob a autoridade de um monarca. Além disso, tais revoltas abrem nossos olhos contra o corriqueiro discurso imobilista que costuma descrever a Idade Média como um tempo estável e desprovido de transformações históricas.